É
crescente o interesse pelas células microbianas que sinergicamente, fazem parte
de nosso organismo e constituem nosso microbioma. Como princípio, o microbioma
é responsável por uma série de codificações genéticas que estão associadas à sobrevivência1.
A
microbiota intestinal é considerada uma parte imprescindível do microbioma
humano. Desde a vida intrauterina, fatores ambientais e respostas imunológicas
participam do desenvolvimento da microbiota intestinal, exercendo grande
influência sobre a saúde 2.
Neste
contexto, alterações na microbiota intestinal - ou disbiose intestinal - podem aumentar
o risco de doenças, como o câncer3, considerada uma das patologias mais
prevalentes no mundo atual4.
Como
mecanismo, sugere-se que a inflamação - decorrente de alterações na composição
da microbiota intestinal - seja um dos pontos de partida para o desenvolvimento
desta doença. Neste critério, é importante ressaltar que as respostas
inflamatórias que ocorrem localmente, podem ser estendidas, prejudicando as funções
de outros sistemas5-7.
Além disso, é conhecido que a
microbiota intestinal possui importante relação com o sistema nervoso central e,
com isso, a disbiose intestinal pode interferir negativamente em sintomas como
depressão, dor e fadiga 5,6.
Com
base nisso, intervenções nutricionais que priorizam a saúde intestinal são
fundamentais, tanto para a prevenção do câncer, como para a melhora dos
sintomas que afetam a qualidade de vida do paciente8.
Certamente,
o uso de cepas probióticas é a conduta mais relatada na literatura para este
objetivo. Em um estudo recente, realizado em modelo animal de câncer de pulmão,
Gui et al (2015)9 mostraram que o tratamento com cepas probióticas reduziu a
expressão gênica de citocinas pró-inflamatórias, que são determinantes na
evolução do câncer.
Estudos
em humanos também demonstraram a efetividade dos probióticos no tratamento do
câncer. Timko (2013)10, de forma randomizada, verificou que o uso de probióticos
pode ser interessante durante o tratamento radioterápico, por modular a
transdução gênica de parâmetros inflamatórios evidentes nesta fase.
Outro
estudo, conduzido por Zhu et al (2013)11, identificou que a administração de
probióticos em pacientes diagnosticados com câncer de cólon, foi eficaz em regular
respostas imunológicas e aumentar a expressão gênica de citocinas
anti-inflamatórias, como a Interleucina 2 (IL-2).
Devido
à magnitude que o câncer representa na saúde pública e sua relação com o
microbioma, tratamentos que priorizam a saúde intestinal tornam-se
fundamentais, uma vez que refletem na integridade do intestino e dos demais
órgãos.
Referências Bibliográficas
1.ANNALISA, N.; ALESSIO, T.; CLAUDETTE,
T.D. et al. Gut microbioma population: an indicator really
sensible to any change in age. Diet, metabolic syndrome, and life-style.Mediators
Inflamm; 2014.
2 ICAZA-CHÁVEZ,
M.E. Gut microbiota in health and disease. Rev Gastroenterol Mex;
78(4):240-8,2013.
3. HUR, K.Y.;
LEE, M.S. Gut microbiota and metabolic disorders. Diabetes Metab J; 39(3):198-203,2015.
4. SAMADDER,
N.J.; SMITH, K.R.; HANSON, H. et al. Increased risk of colorectal cancer among
family members of all ages, regardless of age of index case at diagnosis. Clin Gastroenterol
Hepatol; 2015.
5. KELLY, D.L.;
LYON, D.E.; YOON, S.L. et al. The microbiome and cancer: implications for
oncology nursing science. Cancer Nurs; 2015.
6. ERDAMAN,
S.E.; POUTAHIDIS, T. Gut bactéria and câncer. Biochim Biophys Acta;1856(1):86-90,2015.
7. MAN, S.M.;
ZHU, Q.; ZHU, L. et al. Critical role for DNA sensor AIM2 in stem cell
proliferation and cancer. Cell; 162(1):45-58,2015.
8. MONDOT, S.;
De WOUTERS, T.; DORÉ, J. et al. The human gut microbiome and its dysfunctions.Dig
Dis; 31(3-4):278-85,2013.
9.GUI, Q.F.;
LU, H.F.; ZHANG, C.X. et al Well-balance commensal microbiota contributes to
anti-cancer response in a lung cancer mouse model. Genet Mol Res; 14(2):5642-51,2015.
10. TIMKO, J.
Effect of probiotics on the fecal microflora after radiotherapy: a pilot study.
Indian J Pathol Microbiol; 56(1):31-5,2013.
11. ZHU, D.;
CHEN, X.; WU, J. et al. Effect of perioperative intestinal probiotics on
intestinal flora and immune function in patients with colorectal cancer. Nan Fang Yi Ke Da Xue Bao;
32(8):1190-3.
Nenhum comentário:
Postar um comentário