terça-feira, 14 de julho de 2015


         Comprovações que acercam os benefícios dos probióticos são bem estabelecidas na literatura atual. Primeiramente, os probióticos foram estudados com o objetivo de elucidar suas ações no trato gastrointestinal e, atualmente, sabe-se que seus efeitos positivos podem ser refletidos em outros órgãos e sistemas 1,2.
Assim, o uso de probióticos tem sido relacionado com a melhora de diversas condições patológicas, como as doenças cardiovasculares3, alterações neurológicas4, alergias e reações imunológicas5, entre outras 6,7.
Na área esportiva, os probióticos também ganham destaque. É conhecido que certas modalidades esportivas (principalmente as de longa duração e alta intensidade) estão associadas a sintomas intestinais como náuseas, vômito e diarréia, sendo estes sinais acompanhados de alterações na permeabilidade intestinal8.
De forma benéfica, os probióticos atuam no intestino, modulando o microbioma local. Com a redução de populações patogênicas (que são responsáveis pelo aumento da expressão de citocinas pró-inflamatórias), observa-se redução da inflamação e, consequentemente, melhora na integridade do tecido9. Ainda, é válido ressaltar que algumas bactérias probióticas são responsáveis pelo fornecimento de substrato energético para os enterócitos, fato que também associa-se a integridade intestinal10.
Como dito anteriormente, os benefícios dos probióticos podem ser estendidos para outras condições: problemas imunológicos são amplamente relatados entre atletas, principalmente quando há aumento do estresse físico e psicológico e aumento na carga e frequência de treinamento11.
Na imunossupressão, é comum a presença de doenças infecciosas (como as do trato respiratório), que são responsáveis pela redução do rendimento do atleta e, em muitos casos, pode impedi-lo de realizar suas atividades12.
Com o objetivo de melhorar estas reações imunológicas, o uso de probióticos parece ser uma estratégia interessante. Um estudo conduzido por West et al. (2011)13 mostrou que o uso de Lactobacillus fermentum foi efetivo na redução de sintomas do trato respiratório em ciclistas que estavam em período de competição.
Cox et al. (2010)14 corroboram com estes resultados. Os autores, que estudaram a influência dos probióticos em 20 corredores de elite, identificaram que esta intervenção reduziu de forma significativa a severidade de problemas respiratórios, que eram comuns na população estudada.
Outro dado interessante, publicado por Gleeson et al. (2011) 15, mostra que em alterações climáticas (mais precisamente no inverno, positivamente correlacionado com o aumento na incidência de problemas respiratórios), o uso de probióticos também é efetivo em reduzir a frequência de sintomas respiratórios. Os autores avaliaram os níveis de IgA salivar (um parâmetro relacionado com imunidade de mucosa) e observaram que os mesmos mantiveram-se em níveis adequados durante o período de treino e competição.
         Com base nas evidências apresentadas, o uso de probióticos deve ser baseado na necessidade individual do atleta, sendo imprescindível a avaliação dos sinais e sintomas apresentados durante a consulta. Ainda, é importante ter cautela na espécie de cepa, bem como a dosagem ofertada, visto que o uso indevido pode prejudicar a saúde do atleta.

Referências Bibliográficas
1-HUR, K.Y.; LEE, M.S. Gut microbiota and metabolic disorders. Diabetes Metab J; 39 (3): 198-203, 2015
2- de VRESE, M.; SCHEREZEMMEIR, J. Probiotics, prebiotics, and symbiotic. Adv Biochem Eng Biotechnol; 111:1-66, 2008.
3- JOSE, P.A.; RAJ, D. Gut microbiota in hypertension. Curr Opin Nephrol Hypertens; 2015.
4- CATANZARO, R.; ANZALONE, M.; CALABRESE, F. et al The gut microbiota and its correlations with the central nervous system disorders. Panminerva Med; 57(3):127-43, 2015.
5- RUETER, K.; PRESCOTT, S.L.; PALMER, D.J. Nutritional approaches for the primary prevention of allergic disease: un update. J Paediatr Child Health; 2015.
6- GILL, H.; PRASAD, J. Probiotics, immunomodulation, and health benefits. Adv Exp Med Biol; 606:423-54, 2008.
7- BERMON, S.; PETRIZ, B.; KAJENIENE, A. et al. The microbiota: an exercise immunology perspective. Exerc Immunol Rev; 70-9, 2015.
8- GLEESON, M.; WILLIAMS, C. Intense exercise training and immune function. Nestle Nutr Inst Workshoe Ser; 76:39-50, 2013.
9- MAN, A.L.; BERTELLI, E.; RENTINI, S. et al. Age-associated modifications of intestinal permeability and innate immunity in human small intestine. Clin Sci; 2015.
10- DeWEERDT, S. Microbiome: microbial mystery. Nature; 521(7551):S10-1, 2015.
11- LAMPRECHT, M.; FRAUWALLNET, A. Exercise, intestinal barrier dysnfunction and probiotics supplementation. Med Sport Sci; 59:47-56, 2012.
12- PYNE, D.B.; WEST, N.P.; COX, A.J. et al. Probiotics supplementation for athletes- clinical and physiological effects. Eur J Sport Sci; 15(1):63-72, 2015.
13- WEST, N.P.; PYNE, D.B.; CRIPPS, A.W.; et al. Lactobacillus fermentum (PCC) supplementation and gastrointestinal and respiratory tract illness symptoms: a randomized control trial in athletes. Nutr J; 10:30, 2011.
14- COX, A.J.; PYNE, D.B.; SAUDERS, P.U. et al. Oral administration of the probiotic Lactobacullus fermentum VRI-003 and mucosal immunity in endurance athletes. Br J Sports Med; 44(4):222-6, 2010.
15- GLEESON, M.; BISHOP, N.C.; OLIVEIRA, M. et al. Daily probiotics´s (Lactobacillus casei Shirota) reduction of infection incidence in athletes. Int J Sport Nutr Exerc Metab; 21(1):55-64, 2011.
16- HAGHIGHAT, L.; CRUM-CIANFLONE, N.F. The potential risks of probiotics among HIV-infected persons: bacteraemia due to Lactobacillus acidophilus and review of the literature. Int J STD AIDS; 2015.

17- BOYLE, R.J.; ROBINS-BROWNE, R.M.; TANG, M.L.K. Probiotic use in clinical practice: what are the risks? Am J Clin Nutr; 83:1256-64, 2006.

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