Comprovações
que acercam os benefícios dos probióticos são bem estabelecidas na literatura
atual. Primeiramente, os probióticos foram estudados com o objetivo de elucidar
suas ações no trato gastrointestinal e, atualmente, sabe-se que seus efeitos
positivos podem ser refletidos em outros órgãos e sistemas 1,2.
Assim, o uso de probióticos tem sido
relacionado com a melhora de diversas condições patológicas, como as doenças
cardiovasculares3, alterações neurológicas4, alergias e reações imunológicas5,
entre outras 6,7.
Na área esportiva, os probióticos
também ganham destaque. É conhecido que certas modalidades esportivas
(principalmente as de longa duração e alta intensidade) estão associadas a sintomas
intestinais como náuseas, vômito e diarréia, sendo estes sinais acompanhados de
alterações na permeabilidade intestinal8.
De forma benéfica, os probióticos atuam
no intestino, modulando o microbioma local. Com a redução de populações
patogênicas (que são responsáveis pelo aumento da expressão de citocinas pró-inflamatórias),
observa-se redução da inflamação e, consequentemente, melhora na integridade do
tecido9. Ainda, é válido ressaltar que algumas bactérias probióticas são
responsáveis pelo fornecimento de substrato energético para os enterócitos,
fato que também associa-se a integridade intestinal10.
Como dito anteriormente, os benefícios
dos probióticos podem ser estendidos para outras condições: problemas
imunológicos são amplamente relatados entre atletas, principalmente quando há
aumento do estresse físico e psicológico e aumento na carga e frequência de
treinamento11.
Na imunossupressão, é comum a presença
de doenças infecciosas (como as do trato respiratório), que são responsáveis
pela redução do rendimento do atleta e, em muitos casos, pode impedi-lo de
realizar suas atividades12.
Com o objetivo de melhorar estas
reações imunológicas, o uso de probióticos parece ser uma estratégia
interessante. Um estudo conduzido por West et al. (2011)13 mostrou que o uso de
Lactobacillus fermentum foi efetivo na redução de sintomas do trato
respiratório em ciclistas que estavam em período de competição.
Cox et al. (2010)14 corroboram com
estes resultados. Os autores, que estudaram a influência dos probióticos em 20
corredores de elite, identificaram que esta intervenção reduziu de forma
significativa a severidade de problemas respiratórios, que eram comuns na população
estudada.
Outro dado interessante, publicado por
Gleeson et al. (2011) 15, mostra que em alterações climáticas (mais
precisamente no inverno, positivamente correlacionado com o aumento na
incidência de problemas respiratórios), o uso de probióticos também é efetivo
em reduzir a frequência de sintomas respiratórios. Os autores avaliaram os
níveis de IgA salivar (um parâmetro relacionado com imunidade de mucosa) e
observaram que os mesmos mantiveram-se em níveis adequados durante o período de
treino e competição.
Com
base nas evidências apresentadas, o uso de probióticos deve ser baseado na
necessidade individual do atleta, sendo imprescindível a avaliação dos sinais e
sintomas apresentados durante a consulta. Ainda, é importante ter cautela na
espécie de cepa, bem como a dosagem ofertada, visto que o uso indevido pode
prejudicar a saúde do atleta.
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