A
flora brasileira é considerada uma das mais ricas em diversidade. Com mais de
56.000 espécies, esta biodiversidade tem despertado o interesse de diversos
pesquisadores, que buscam estudar os benefícios destas plantas1.
Em
território brasileiro, muitas plantas já são utilizadas popularmente na
culinária ou para fins medicinais. Entretanto, pouco se sabe sobre as plantas
alimentícias não convencionais, ou PANCs1.
Estas,
que são exóticas e nativas de determinadas regiões, compõem a nossa riqueza
ecológica e normalmente são desprezadas, pois são vistas como ervas “daninhas”.
Contudo, as PANCs podem ser utilizadas em preparações culinárias, podendo
melhorar o perfil nutricional e as características organolépticas, como o sabor
da receita. Além disso, o seu plantio possui grande potencial econômico, que
contribui para a agricultura familiar local2.
Na
culinária mineira, a planta Ora-pro-nobis ou “carne-de-pobre” (Pereskia
grandifolia) é comumente utilizada. Esta espécie de cacto apresenta propriedade
diurética, avaliada em um estudo preliminar em ratos, sugerindo possível efeito
hipotensivo3.
As folhas da Taioba (Xanthosoma
sagittifolium), que também são utilizadas na culinária mineira, são compostas por
altos teores de fibras insolúveis. Por esta característica nutricional, Jackix
et al (2013) encontraram que a administração desta planta em ratos foi capaz de
aumentar a massa fecal e a excreção de gorduras4.
Outro estudo experimental realizado
pelo mesmo grupo identificou que a administração das folhas liofilizadas da Taioba
esteve positivamente relacionada com menor ganho de peso e menor concentração
de gordura em nível hepático5.
Embora estes resultados sejam
promissores para a saúde, é importante ressaltar que diversas PANCs ainda
carecem de pesquisas clínicas, para esclarecimentos fidedignos sobre suas reais
atuações no organismo.
Com o crescente interesse por estas
plantas, em um futuro próximo, teremos dados mais conclusivos que permitirão
segurança e eficácia na utilização e consumo destas espécies.
Referencias Bibliográficas:
1.GIULIETTI, A.M.; HARLEY, R.M.;
QUEIROZ, L.P.de et al. Biodiversidade e conservação das plantas no Brasil. Megadiversidade;
1(1):52-61,2005.
2.KINUPP, V.F; LORENZI, H. Plantas
alimentícias não convencionais (PANC) no Brasil:guia de identificação, aspectos
nutricionais e receitas ilustradas. Nova Odessa: Instituto Plantarum de estudos
da Flora LTDA,2014.
3.KAZAMA, C.C.; UCHIDA, D.T.; CANZI,
K.N. et al. Involvement of arginine-vasopressin in the diuretic and hypotensive
effects of Pereskia grandifolia Haw. (Cactaceae). J Ethnopharmacol;
144(1):86-93,2012.
4. JACKIX, E de Almeida; MONTEIRO,
E.B.; RAPOSO, H.F. et al. Taioba (Xanthosoma sagittifolium) leaves: nutrient
composition and physiological effects on healthy rats. J Food Sci; 78(12):
H1929-34; 2013.
5. JACKIX, E de Almeida; MONTEIRO,
E.B.; RAPOSO, H.F. et al. Cholesterol reducing and bile-acid binding properties
of Taioba (Xanthosoma sagittifolium) leaf in rats fed a high-fat diet. Food
Research International; 51(2013):886-837,2013.
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