quarta-feira, 17 de junho de 2015


         A flora brasileira é considerada uma das mais ricas em diversidade. Com mais de 56.000 espécies, esta biodiversidade tem despertado o interesse de diversos pesquisadores, que buscam estudar os benefícios destas plantas1.
         Em território brasileiro, muitas plantas já são utilizadas popularmente na culinária ou para fins medicinais. Entretanto, pouco se sabe sobre as plantas alimentícias não convencionais, ou PANCs1.
         Estas, que são exóticas e nativas de determinadas regiões, compõem a nossa riqueza ecológica e normalmente são desprezadas, pois são vistas como ervas “daninhas”. Contudo, as PANCs podem ser utilizadas em preparações culinárias, podendo melhorar o perfil nutricional e as características organolépticas, como o sabor da receita. Além disso, o seu plantio possui grande potencial econômico, que contribui para a agricultura familiar local2.
         Na culinária mineira, a planta Ora-pro-nobis ou “carne-de-pobre” (Pereskia grandifolia) é comumente utilizada. Esta espécie de cacto apresenta propriedade diurética, avaliada em um estudo preliminar em ratos, sugerindo possível efeito hipotensivo3.
As folhas da Taioba (Xanthosoma sagittifolium), que também são utilizadas na culinária mineira, são compostas por altos teores de fibras insolúveis. Por esta característica nutricional, Jackix et al (2013) encontraram que a administração desta planta em ratos foi capaz de aumentar a massa fecal e a excreção de gorduras4.
Outro estudo experimental realizado pelo mesmo grupo identificou que a administração das folhas liofilizadas da Taioba esteve positivamente relacionada com menor ganho de peso e menor concentração de gordura em nível hepático5.
Embora estes resultados sejam promissores para a saúde, é importante ressaltar que diversas PANCs ainda carecem de pesquisas clínicas, para esclarecimentos fidedignos sobre suas reais atuações no organismo.
Com o crescente interesse por estas plantas, em um futuro próximo, teremos dados mais conclusivos que permitirão segurança e eficácia na utilização e consumo destas espécies.

Referencias Bibliográficas:
1.GIULIETTI, A.M.; HARLEY, R.M.; QUEIROZ, L.P.de et al. Biodiversidade e conservação das plantas no Brasil. Megadiversidade; 1(1):52-61,2005.
2.KINUPP, V.F; LORENZI, H. Plantas alimentícias não convencionais (PANC) no Brasil:guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. Nova Odessa: Instituto Plantarum de estudos da Flora LTDA,2014.
3.KAZAMA, C.C.; UCHIDA, D.T.; CANZI, K.N. et al. Involvement of arginine-vasopressin in the diuretic and hypotensive effects of Pereskia grandifolia Haw. (Cactaceae). J Ethnopharmacol; 144(1):86-93,2012.
4. JACKIX, E de Almeida; MONTEIRO, E.B.; RAPOSO, H.F. et al. Taioba (Xanthosoma sagittifolium) leaves: nutrient composition and physiological effects on healthy rats. J Food Sci; 78(12): H1929-34; 2013.

5. JACKIX, E de Almeida; MONTEIRO, E.B.; RAPOSO, H.F. et al. Cholesterol reducing and bile-acid binding properties of Taioba (Xanthosoma sagittifolium) leaf in rats fed a high-fat diet. Food Research International; 51(2013):886-837,2013.

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