A alimentação em períodos próximos
ao treino é responsável por fornecer substrato energético para a manutenção das
funções fisiológicas (como a glicemia e pressão arterial) e modulação das
respostas metabólicas durante o exercício 1,2.
O consumo de carboidrato em
especial, é amplamente relacionado com estas respostas, sendo imprescindível
para o desempenho atlético. Por este motivo, muitos estudos mostram benefícios
em seu consumo no período que antecede o treino3.
Entretanto, esta prática pode não
ser interessante aos que desejam perder peso e gordura corporal, uma vez que os
carboidratos estimulam a secreção de insulina, que é antagônica às vias
catabólicas, como a lipólise e a beta oxidação4.
Com base nisso, acredita-se que o
baixo estoque de glicogênio durante o treino pode resultar em benefícios na composição
corporal. Para isso, a prática de exercícios realizados em jejum tem sido
relatada como uma possível estratégia para otimizar os resultados que envolvem
a redução de gordura corporal4.
Como mecanismo, sugere-se que a
falta de nutrientes glicídicos e o estímulo do exercício, provocam maior
liberação de catecolaminas (noradrenalina e adrenalina) e cortisol, que estimulam
vias de catabolismo como a lipólise, com o objetivo de fornecer substrato
glicídico para a manutenção da glicemia (que ocorre a partir do glicerol,
presente na molécula do triacilglicerol). Em sequência, os ácidos graxos são
transportados para o interior da mitocôndria, onde ocorre a beta-oxidação4-7.
Proeyen et al
(2010)7, em um estudo com voluntários treinados e submetidos a 60-90 minutos de
exercícios de endurance, por 3 vezes na semana, mostraram que o treino
conduzido em jejum é eficaz em gerar respostas adaptativas no músculos, aumentando
assim a sua capacidade de gerar energia via oxidação de gorduras.
Em contrapartida,
um estudo conduzido por Gillen et al (2013)8 identificou que exercícios
intensos e intervalados não apresentam resultados significativos com relação ao
aumento de oxidação de gorduras neste estado.
Ainda, é importante ressaltar que os
estudos que obtiveram resultados positivos com prática de exercícios em jejum e
composição corporal, foram realizados com indivíduos fisicamente ativos,
sugerindo portanto, que estas respostas metabólicas possam ser diferentes em
indivíduos sedentários.
Também é essencial levar em
consideração que esta prática pode gerar efeitos negativos durante o treino,
como a hipoglicemia e hipotensão. Desta forma, a atuação conjunta entre o
educador físico e o nutricionista torna-se fundamental, para que estes efeitos
negativos não prejudiquem os resultados esperados.
Referencias
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state improves glucose tolerance during fat-rich diet. J Physiol;
588(21):4289-302, 2010.
8. GILLEN, J.B.; PERCIVAL, M.E.; LUDZKI, A. et al. Interval training in
the fed or fasted state improves body composition and muscle oxidative capacity
in overweight women. Obesity; 21(11):2249:2255, 2013.
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