sexta-feira, 29 de maio de 2015




Mirtilos e Hipertensão na Menopausa

         O envelhecimento é marcado por diversas alterações fisiológicas, que incluem a redução na atividade de alguns sistemas, por um processo denominado senescência celular1.
         Neste sentido, observa-se redução na síntese e ação dos hormônios sexuais, como a testosterona e o estradiol, e o aumento de estrona, uma das formas bioquímicas do estrógeno que é amplamente discutida na literatura pelos seus efeitos maléficos à saúde. Para mulheres, este período é titulado como menopausa2.
Por conta destas modificações hormonais, alguns sintomas tornam-se evidentes e prejudicam a qualidade de vida da mulher3. É conhecido que os hormônios sexuais interferem em componentes do sistema nervoso central e com isso, há alterações no controle da temperatura corporal (fogachos e suor excessivo)4, maior risco de depressão5 e problemas cognitivos como falhas na memória6.
         Estas alterações também interferem na gênese de algumas patologias inflamatórias e metabólicas7. O estradiol é considerado um importante hormônio cardioprotetor, e sua redução está relacionada com o aumento de eventos neste sistema, como a Hipertensão arterial sistêmica8.
         Como mecanismo, o estradiol atua em células do músculo liso dos vasos, e na expressão gênica da enzima óxido nítrico sintetase, enzima fundamental para a produção de óxido nítrico, que por sua vez apresenta função vasodilatadora9. Além disso, também é importante para o sistema renina-angiotensina, que controla o balanço dos fluidos corporais10.
         Com base nas conseqüências negativas geradas pela hipertensão arterial no sistema cardiovascular, e que são intensificadas pela menopausa, algumas ações nutricionais devem ser aplicadas.
         Um estudo americano publicado recentemente11, identificou a atuação do mirtilo em 48 mulheres no período pós menopausa, diagnosticadas como pré hipertensas ou hipertensas grau I.  Como metodologia, as participantes foram randomizadas em 2 grupos - controle e intervenção - sendo este último caracterizado pelo recebimento de 22 gramas de mirtilo liofilizado por dia.
         Após o período de 8 semanas, os autores observaram melhor controle dos níveis pressóricos no grupo que recebeu intervenção, que foi correlacionado ao aumento do óxido nítrico, avaliado durante o tratamento11.
         Em adição, é importante ressaltar que esta fruta é uma rica fonte de compostos fenólicos (flavonóides, ácidos fenólicos e estilbenos), que são potentes antioxidantes e contribuem positivamente para diversas funções fisiológicas12. O mirtilo pode fazer parte de um plano alimentar saudável, que deve ser analisado por um profissional nutricionista.

Referencias Bibliográficas
1-RATTAN, S.I. Aging is not a disease: implications for intervention. Aging Dis; 5(3):196-202, 2014.
2-TAKAHASHI, T.A.; JOHNSON, K.M. Menopause. Med Clin North Am; 99(3):521-534, 2015.
3-NEDERGAARD, A.; HENRIKSEN, K.; KARSDAL, M.A. et al. Menopause, estrogens and frailty. Gynecol Endocrinol; 29(5):418-23, 2013.
4- McNAMARA, M.; BATUR, P.; DeSAPRI, K.T. In the clinic. Perimenopause. Ann Intern Med; 162(3):1-15, 2015.
5- BRYANT, C.; KLEINSTAUBER, M.; JUDD, F. Aspects of mental health care in the gynecological setting. Womens Health; 10(3):237-54, 2014.
6-SLIWINSKI, J.R.; JOHNSON, A.K.; ELKINS, G.R. Memory decline in Peri- and post-menopausal women: the potential of mind-body medicine to improve cognitive performance. Integr Med Insight; 9:17-23, 2014.
7-MEIRELLES, R.M. Menopause and metabolic syndrome. Arq Bras Endocrinol Metabol; 58(2):91-6, 2014.
8-MODENA, M.G. Hypertension in postmenopausal women: how to approach hypertension in menopause. High Blood Press Cardiovas Prev; 21(3):201-4, 2014.
9- ZHAO, Z.; WANG, H.; JESSUP, J.A. et al. Role of estrogen in diastolic dysfunction. Am J Physiol Heart Circ Physiol; 306(5):H628-40, 2014.
10- O´DONNELL, E.; FLORAS, J.S.; HARVEY, P.J. Estrogen status and the renin angiotensin aldosterone system. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol; 307(5):498-500, 2014.
11- JOHNSON, S.A.; FIGUEROA, A.; NAVAEI, N. et al. Daily blueberry consumption improves blood pressure and arterial stiffness in postmenopausal women with pré-and stage 1-hypertension: a randomized, double-blind, placebo-controlled clinical trial. J Acad Nutr Diet; 115(3):369-77, 2015.
12- MANGANARIS, G.A.; GOULAS, V.; VICENTE, A.R. et al. Berry antioxidants: small fruits providing large benefits. J Sci Food Agric; 94(5):825-33, 2014.


segunda-feira, 18 de maio de 2015


 Consumo de suplementos em mulheres e risco cardiovascular

         Atualmente, o uso de suplementos é bem difundido na população. Os multivitamínicos-minerais estão entre os mais utilizados, e em muitos casos são administrados de forma errônea e sem a devida orientação 1,2.
         De fato, já é comprovado que as vitaminas e minerais são essenciais para a prevenção e tratamento de diversas patologias3. A ação das vitaminas é considerável devido à atuação antioxidante que estas fornecem4.
Em adição, as vitaminas do complexo B atuam como cofatores em vias metabólicas, e sua deficiência pode causar alguns distúrbios de origem como as doenças cardiovasculares, aumento da deposição de gordura, hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, entre outros5.
Os minerais por sua vez- como o zinco, magnésio, cobre, cálcio e o selênio- são importantes cofatores de reações enzimáticas, que também envolvem o sistema antioxidante, e por este motivo auxiliam na diminuição dos processos oxidativos causados em algumas condições6. Além disso, são imprescindíveis para a saúde endotelial, um critério que em desequilíbrio, associa-se a distúrbios inflamatórios7.
Com base nestes mecanismos, um estudo publicado neste ano conduzido com 8678 pessoas com idade superior a 40 anos, mostrou que o uso de suplementos multivitamínicos e multivitamínicos-minerais por 3 anos foi capaz de reduzir o risco cardiovascular em mulheres 8. (Leia mais em BAILEY et al.; Journal of Nutrition; 2015.)
Embora a administração de vitaminas e minerais seja uma estratégia interessante, é importante ressaltar que em muitos casos, estes produtos não atendem as necessidades individuais expressas pelos pacientes. Assim, eles são expostos á nutrientes em quantidades excessivas ou insuficientes para determinadas condições, podendo prejudicar ou enfatizar algum sintoma.
Desta forma, o uso de qualquer suplemento deve ser orientado por profissionais capacitados, que estão cientes dos quesitos que devem ser considerados no momento da conduta. Para isso, o nutricionista será capaz de realizar avaliações mais precisas sobre deficiências ou excessos nutricionais, para melhor intervenção nutricional.

Referencias Bibliográficas

TUCKER, B.M.; SAFADI, S.; FRIEDMAN, A.N. Is routine multivitamin supplementation necessary in US chronic adult Hemodialysis Patients? A systematic review. J Ren Nutr; 25(3):257-264,2015.
WARD, E. Addressing nutritional gaps with multivitamin and mineral supplements. Nut J;2014.
DIETRICH, S.; ARREGUI, M.; DIAS, S. Dietary supplements and risk of cause-specific death, cardiovascular disease, and cancer: a protocol for systematic review and network meta-analysis of primary prevention trials. Syst Rev; 4(1):34, 2015.
INDO, H.P.; YEN, H.C.; NAKANISHI, I. A mitochondrial superoxide theory for oxidative stress diseases and aging. J Clin Biochem Nutr; 56(1):1-7, 2015.
GINTER, E. SIMKO, V.; PANAKOVA, V. Antioxidants in health and disease. Bratisl Let Listy; 115(10):603-6, 2014.
SITI, H.N.; KAMISAH, Y.; KAMSIAH, J. The role of oxidative stress, antioxidants and vascular inflammation in cardiovascular disease ( a review). Vascul Pharmacol; 2015.
ABUJAH, C.I.; OHBONNA, A.C.; OSUJI, C.M. Functional components and medicinal properties of food: a review. J Food Sci Technol; 52(5):2522-9, 2015.

BAILEY, R.L.; KASHOURI, T.H.; YIKYUNG, P. et al. Multivitamin-mineral use is associated with reduced risk of cardiovascular disease mortality among women in the United States. Journal of Nutrition; 2015.

quinta-feira, 7 de maio de 2015




Compostos da uva podem estimular neurogênese
Já falamos aqui em outros posts sobre os benefícios das frutas roxas
!!! Além do seu efeito antioxidante já estudado, pesquisadores do Texas identificaram potenciais efeitos benéficos no cérebro, incluindo efeitos na região responsável pela memória (o hipocampo)💭💭. Nos animais que receberam a suplementação de resveratrol a neurogênese (crescimento e desenvolvimento de neurônios) praticamente dobrou, além de promover melhora da circulação e redução da inflamação local (os dados estão disponíveis em Kodali et al., Sci Rep; 2015). Devido a esses efeitos, foram observadas melhora na memória e aprendizagem! Então temos mais um motivo para incluir alimentos fontes de resveratrol em nossa alimentação diária, como suco de uva, frutas roxas e também algumas oleaginosas. Consulte seu nutricionista para saber como!!!
‪#‎nutrição ‪#‎nutriçãofuncional ‪#‎resveratrol ‪#‎neurônios ‪#‎saúdecerebral‪#‎neurogênese ‪#‎frutasroxas ‪#‎uvas