Açúcar
e adoçante: quando utilizar?
Os
adoçantes artificias, ou produtos alimentícios que contenham estas substâncias,
são amplamente utilizados por apresentarem pouca ou nenhuma caloria1,
especialmente em dietas com restrição de açúcar2.
Entretanto,
muitas controvérsias acercam o uso dos adoçantes artificiais e suas ações no
organismo3. Evidências mostram que estes compostos atuam de forma
negativa em algumas reações metabólicas, predispondo ao aumento no risco de
algumas doenças, como diabetes tipo 2 e obesidade4-6.
Como
mecanismo, sabe-se que estas substâncias ativam receptores de sabor doce na
língua e no intestino e com isso, observa-se o aumento na absorção de glicose e,
consequentemente, no nível insulinêmico. Por este motivo, o uso crônico de adoçantes
artificiais tem sido relacionado com o aumento na prevalência de diabetes (tipo
1 e 2) e resistência a insulina7,8..
Este mecanismo também está associado ao
aumento no consumo alimentar e preferência pelo sabor doce, fatores relevantes
na patogênese da obesidade 7,8.
Em
adição, um estudo experimental conduzido por Suez et al (2014)9 identificou
que o uso crônico de adoçantes artificiais pode alterar a composição da
microbiota intestinal, por induzir o aumento de populações bacterianas
patogênicas, caracterizando o quadro de disbiose intestinal. Essa condição favorece
diversas alterações metabólicas no hospedeiro, sendo inclusive correlacionada
com desordens do metabolismo glicídico, como a intolerância a glicose e suas
consequências 9,10.
Assim,
apesar de seu uso ser indicado para alguns pacientes que fazem restrição no
consumo de açúcar, proporcionando melhor aceitação e facilitando a adesão ao
plano alimentar11, é importante considerar sempre qual o tipo de
adoçante que será utilizado, considerando sua composição e possíveis efeitos a
saúde.
Com
base nestes achados, o uso dos adoçantes deve ser avaliado de acordo com o
quadro e sintomas apresentados pelo paciente. Em algumas situações, em que a
quantidade de açúcar utilizado na rotina do paciente é pequena, o uso de outros
tipos de açúcares não refinados (como o demerara e o mascavo) pode ser
considerado, evitando assim, a exposição a estes aditivos artificiais, que carecem
de estudos clínicos que comprovem suas reais atuações no organismo em longo
prazo.
Referencias
Bibliográficas
1. GIL-CAMPOS, M.; SAN JOSÉ GONZALEZ,
M.A.; DÍAZ MARTÍN, J.J. et al. Use of sugar and sweeteners in children´s
diet. Recomendations of the Nutrition Committee of the Spanish Paediatric
Association. An Pediatr; 2015.
2. QURRAT-UL-AIN,
KHAN, S.A. Artificial sweeteners: safe or unsafe? J Pak Med Assoc; 65(2):225-7,2015.
3. BURKE, M.V.;
SMALL, S.M. Physiological mechanisms by which non-nutritive sweeteners may
impact body weight and metabolism.Physiol
Behav; 2015.
4. CHARRON, M.J.;
VUGUIN, P.M. Lack of glucagon receptor signaling and its implications beyond
glucose homeostasis.J Endocrinol; 224(3):R123-30,2015.
5. STEVENS, A.;
HAMEL, C.; SINGH, K. et al. Do sugar-sweetened beverages cause adverse health
outocomes in children? A systematic review protocol.Syst Rev; 4 (3):96,2014.
6. KUMAR, G.S.;
PAN, L.; PARK, S. et al. Sugar-sweetened beverage consumption among adults—18
states, 2012. MMWR Morb Mortal WKLY Rep;
63(32):686-90,2014.
7. EFEYAN, A.;
COMB, W.C.; SABATINI, D.M. Nutrient sensing mechanisms and pathways. Nature; 517(7534):302-310,2015.
8. HAMEL, C.;
STEVENS, A.; SINGH, K. et al. Do sugar-sweetened beverages cause adverse health
outcomes in adults? A systematic review protocol. Syst Rev; 3:108, 2014.
9. SUEZ, J.; KOREM, T.; ZEEVI, D. et al. Artificial
sweeteners induce glucose intolerance by altering the gut microbiota. Nature; 514(7521):181-6,2014.
10. FEEHLY, T.;
NAGLER, C.R. Health: the weight cost of non-caloric sweeteners. Nature; 514(7521):176-7, 2014.
11.
OLIVEIRA,
P.B.; FRANCO, L.J. Consumo de adoçantes e produtos dietéticos por indivíduos
com diabetes melito tipo 2, atendidos pelo sistema único de saúde em Ribeirão
Preto, SP. Arq Bras Endocrinol Metab;54(5):455-462,2010.