Por: José Maria Filho - Jornalista
CNS
recebe o lançamento do Guia Alimentar para a População Brasileira.
Foto:
Rafael Bicalho - ASCOM/CNS
A
publicação é mais um instrumento para combater a obesidade e o avanço das
doenças crônicas no Brasil. Mais da metade da população brasileira está acima
do peso.
O
Ministério da Saúde lançou no último dia 5 de novembro em Brasília o novo Guia Alimentar para a População
Brasileira. A atualização da publicação relata quais cuidados e caminhos para
alcançar uma alimentação saudável, saborosa e balanceada. A nova edição, ao
invés de trabalhar com grupos alimentares e porções recomendadas, indica que a
alimentação tenha como base alimentos frescos (frutas, carnes, legumes) e
minimamente processados (arroz, feijão e frutas secas), além de evitar os
ultraprocessados (como macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote e refrigerantes).
O lançamento ocorreu durante a reunião do Conselho Nacional de Saúde, em
Brasília.
A
intenção do Guia Alimentar é promover a saúde e a boa alimentação, combatendo a
desnutrição, em forte declínio em todo o país, e prevenindo enfermidades em
ascensão, como a obesidade, o diabetes e outras doenças crônicas, como AVC,
infarto e câncer. Além de orientar sobre qual tipo de alimento comer, a
publicação traz informações de como comer e preparar a refeição, e sugestões
para enfrentar os obstáculos do cotidiano para manter um padrão alimentar
saudável, como falta de tempo e inabilidade culinária.
“Mais
do que um instrumento de educação alimentar e nutricional, o guia se insere
dentro da estratégia global de promoção da saúde e do enfrentamento e do
excesso de peso, que já atinge mais da metade da população brasileira. A carga
de doença associada à obesidade é imensa. Para sair da agenda da doença,
precisamos trabalhar pela melhoria da alimentação e incentivar a prática de
hábitos saudáveis. Não estamos proibindo nada, mas temos recomendações claras
de qual alimento priorizar”, destaca o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Dados
da pesquisa Vigitel 2013 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) indicam que atualmente 50,8% dos
brasileiros estão acima do peso ideal e 17,5% são obesos. Os percentuais são
19% e 48% superiores que os registrados em 2006 - quando a proporção de pessoas
acima do peso era de 42,6% e de obesos era de 11,8%.
Redigido
em linguagem acessível, o Guia Alimentar se dirige às famílias diretamente e,
também, a profissionais de saúde, educadores, agentes comunitários e outros
trabalhadores cujo ofício envolve a promoção da saúde da população. A versão
impressa do documento, com 151 páginas ilustradas, será distribuída às unidades
de saúde de todo o país, e a versão digital estará disponível no portal do
Ministério da Saúde.
O
Guia orienta as pessoas a optarem por refeições caseiras e evitarem a
alimentação em redes de fast food e produtos prontos que dispensam
preparação culinária (‘sopas de pacote’, pratos congelados prontos para aquecer,
molhos industrializados, misturas prontas para tortas). Outras recomendações
são o uso moderado de óleos, gorduras, sal e açúcar ao temperar e cozinhar
alimentos, e o consumo limitado de alimentos processados (queijos, embutidos,
conservas), utilizando-os, preferencialmente, como ingredientes ou parte de
refeições. Na hora da sobremesa, o ideal é preferir as caseiras, dispensando as
industrializadas.
Destaque
especial é dado também às circunstâncias que envolvem o ato de comer,
aconselhando-se regularidade de horário, ambientes apropriados e, sempre que
possível companhia. O ideal é desfrutar a alimentação, evitar a refeição
assistindo à televisão, falar no celular, ficar em frente ao computador ou
atividades profissionais.
PREPARAÇÃO
DO ALIMENTO - O novo guia também busca valorizar a culinária, e indica o
planejamento das refeições e interação social, com o envolvimento de amigos e
família na elaboração da comida. “No Brasil e em muitos outros países, a
transmissão de habilidades culinárias entre gerações vem perdendo força”,
admite a coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde e
responsável pela coordenação geral do projeto de elaboração do Guia Alimentar,
Patrícia Jaime. “Por isso, o Guia Alimentar dedica uma parte importante de suas
recomendações à valorização do ato de cozinhar, ao envolvimento de homens e
mulheres, adultos e crianças nas atividades domésticas relacionadas ao preparo
de refeições e à defesa das tradições culinárias como patrimônio cultural da
sociedade”, enfatiza.
AMBIENTE
SUSTENTÁVEL - O Guia Alimentar foi produzido em parceria com o Núcleo de
Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo e
com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde e substitui a versão anterior
de 2006. O processo de elaboração envolveu profissionais de saúde, educadores e
representantes de organizações da sociedade civil de todas as regiões do
Brasil. A conclusão contou ainda com o resultado de uma consulta pública que
envolveu 436 participantes e recebeu 3.125 comentários e sugestões.
O
novo guia dá grande importância às formas pelas quais os alimentos são
produzidos e distribuídos, privilegiando aqueles cuja produção e distribuição
seja socialmente e ambientalmente sustentável como os alimentos orgânicos e de
base agroecológica.
Conheça os dez passos para uma
Alimentação Adequada e Saudável:
Fazer de
alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação;
Utilizar
óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos
e criar preparações culinárias;
Limitar o
consumo de alimentos processados;
Evitar o
consumo de alimentos ultraprocessados;
Comer com
regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com
companhia ;
Fazer compras
em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente
processados;
Desenvolver,
exercitar e partilhar habilidades culinárias;
Planejar o
uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece;
Dar
preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora;
Ser crítico
quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em
propagandas comerciais;
Saiba quais são os diferentes tipos de
alimentos:
Alimentos in natura:
essencialmente partes de plantas ou de animais. Ex: carnes, verduras, legumes e
frutas.
Alimentos minimamente processados: quando submetidos a processos que não
envolvam agregação de substâncias ao alimento original, como limpeza, moagem e
pasteurização. Ex: arroz, feijão, lentilhas, cogumelos, frutas secas e sucos de
frutas sem adição de açúcar ou outras substâncias; castanhas e nozes sem sal ou
açúcar; farinhas de mandioca, de milho de tapioca ou de trigo e massas frescas.
Alimentos processados: são fabricados pela indústria com a
adição de sal ou açúcar a alimentos para torná-los duráveis e mais palatáveis e
atraentes. Ex: conservas em salmoura (cenoura, pepino, ervilhas, palmito);
compotas de frutas; carnes salgadas e defumadas; sardinha e atum de latinha,
queijos e pães.
Alimentos ultraprocessados: são formulações industriais, em
geral, com pouco ou nenhum alimento inteiro. Contém aditivos. Ex: salsichas,
biscoitos, geleias, sorvetes, chocolates, molhos, misturas para bolo, “barras
energéticas”, sopas, macarrão e temperos “instantâneos”, “chips”,
refrigerantes, produtos congelados e prontos para aquecimento como massas,
pizzas, hambúrgueres e nuggets.
O Guia
Alimentar está disponível na versão eletrônica no linK:
Fonte:
Ascom/MS