O mel é uma substância doce produzida
pelas abelhas a partir do néctar das flores; sua utilização como edulcorante é
conhecida em diferentes partes do mundo. Seu alto teor de açúcares, pequenas
quantidades de aminoácidos e lipídios, juntamente com algumas vitaminas,
minerais e compostos antioxidantes transmite o seu elevado valor
nutricional.
Porém, as amostras de mel que estão
disponíveis comercialmente, diferem em qualidade por conta de vários fatores,
como as condições geográficas, sazonais e de processamento, fonte floral, embalagens
e período de armazenamento.
As propriedades terapêuticas do mel
já são reconhecidas e estudadas há muito tempo. Sabe-se que ele tem o poder de
proteger o organismo contra vírus, inflamações, radicais livres e até mesmo
câncer. O trato gastrointestinal (TGI) contém grande quantidade de bactérias
essenciais e benéficas, especialmente bifidobactérias. Tem sido sugerido que o
mel pode aumentar a quantidade dessas bactérias no TGI devido à presença de
fibras prebióticas em sua composição.
Mais recentemente, têm-se atribuído
ao mel propriedades emagrecedoras. A revista Corpo a Corpo número 302
apresentou a matéria de capa a seguinte frase “Dieta do mel emagrece três
quilos em um mês e mata a fome de doce”.
Um estudo publicado pela revista
International Journal of Food Sciences and Nutrition investigou o efeito do
consumo de mel sobre o peso e alguns parâmetros bioquímicos em pacientes
diabéticos. Eles demonstraram que seu consumo pode proporcionar efeitos
benéficos sobre o peso corporal e lipídios no sangue de pacientes
diabéticos.
Entretanto, devido ao aumento da
hemoglobina glicada, seu consumo deve ser cauteloso. Outro estudo, dessa vez
conduzido em ratos, observou que em comparação à sacarose o mel pode reduzir o
ganho de peso e adiposidade, provavelmente devido à menor ingestão de alimentos
por parte dos ratos que receberam mel ao invés de açúcar.
Os estudos ainda são muito escassos,
faltam dados que justifiquem e comprovem essa suposta propriedade emagrecedora
do mel. Temos que ter bom senso nesse caso, pois o mel pode ter valor
nutricional interessante, mas não deixa de ser uma fonte de carboidrato, na
forma de frutose, cujo consumo excessivo pode ser prejudicial a saúde.
Além disso, é importante considerar
que não existe um único alimento capaz de promover perda de peso – os efeitos
benéficos só serão alcançados com o consumo de uma dieta nutricionalmente
equilibrada.
Texto elaborado pelo depto. científico da VP Consultoria Nutricional
REFERÊNCIAS
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