sexta-feira, 24 de abril de 2015

Uso de frutose como adoçante e efeitos a saúde

         Atualmente, diversas estratégias são utilizadas para reduzir o consumo de açúcar refinado, uma vez que seus efeitos maléficos à saúde já estão bem estabelecidos. Para esta finalidade, os adoçantes artificias são os mais escolhidos, principalmente por diabéticos e por aqueles que desejam controlar o peso corporal 1,2.
         Os tipos de adoçantes são variados, e cada um apresenta diferentes características para atender às preferências individuais1, 2. A frutose é uma das opções mais escolhidas pela indústria alimentícia devido ao seu alto poder adoçante, que permite a redução do teor de açúcar simples no produto, um critério que chama a atenção do consumidor.
         Alguns estudos já identificaram os efeitos negativos do consumo de adoçantes, em especial a frutose. Um estudo publicado em março deste ano mostrou que o acréscimo de frutose nos produtos alimentícios, pode contribuir para o desenvolvimento de doenças metabólicas como diabetes3.
         Isso acontece pois a frutose parece inibir algumas reações na sinalização da insulina, por reduzir a fosforilação da tirosina, a partir do receptor de insulina, e dos substratos sequentes, gerando um desequilíbrio na cascata de fosforilação da insulina. Como consequência, observa-se o aumento nos níveis de glicemia e resistência a ação da insulina 4,5.
O consumo exacerbado de frutose também predispõe ao aumento da inflamação, visto que estimula a produção de citocinas pró-inflamatórias, como IL-6 e TNF-alfa. Em adição, esta inflamação induzida pela frutose ativa vias orexígenas, como o neuropeptídeo Y (NPY), e altera fatores de transcrição adipogênicos, aumentando a diferenciação dos adipócitos6.
Além disso, estudos postulam que a alta exposição à frutose altera a ação da leptina, um hormônio sinalizador do estado energético e das reservas de gordura, favorecendo o quadro de resistência a leptina 7,8.
Estes fatores estão associados ao aumento na prevalência de desordens metabólicas como obesidade, dislipidemias e doenças cardiovasculares.
No entanto, de forma contrária, vale ressaltar que esses efeitos são atribuídos à frutose na forma industrializada, como adoçante - o consumo de alimentos fontes de frutose, como as frutas e verduras, tem efeito protetor nestas condições metabólicas. Desta forma, o consumo destes alimentos deve ser orientado e incentivado sempre na forma in natura 3.


Referencias Bibliográficas

Trumbo, P.R.; Rivers, C.R. Systematic review of the evidence for an association between sugar-sweetened beverage consumption and risk of obesity. Nutr Res; 72(9):566-74,2014.
Querrat-Ul-Ain, K.S.A. Artificial sweeteners: safe or unsafe? J Pak Med Assoc; 65(2):255-7,2015.
DiNicolantonio, J.J.; O´KEEFE, Lucan, S.C. Added fructose: a principal driver of type 2 diabetes mellitus and its consequences. Mayo Clin Proc; 2015.
ARAUJO, I.C.; ANDRADE, R.P.; SANTOS, F. et al. Early developmental exposure to high fructose intake in rats with NaCl stimulation causes cardiac damage; Eur J Nutr; 2015.
Vasselli, J.R.; Scarpace, P.J.; Harris, R.B. et al. Dietary components in the development of leptin resistance. Adv Nutr; 4(2):164-75,2013.
Laguna, J.C.; Alergret, M.; Roglans, N. Simple sugar intake and hepatocellular carcinoma: epidemiological and mechanistic insight. Nutrients; 6(12):5933-54,2014.
Buscac, B.N.; Vasiljevic, A.D.; Nestorovic, N.M. et al. High-fructose diet leads to visceral adiposity and hypothalamic leptin resistance in male rats-do glucocorticoids play a role? J Nutr Biochem; 25(4):446-55,2014.
Júnior, J.D.; Pedrosa, R.G.; Tirapegui, J. Aspectos atuais da regulação do peso corporal: ação da leptina no desequilíbrio energético. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas; 40(3):2004.

          

                  

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