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Blog: Nutrição Funcional aplicada a Esclerose Lateral Amiotrófica – Nathércia
Percegoni (CLÍNICA)
A
Esclerose Lateral Amiotrópica (ELA), também conhecida como doença de Lou Gehrig, é uma patologia
neurodegenerativa progressiva, que afeta neurônios motores de forma
irreversível. Como consequência da doença, nota-se fragilidade e paralisia
muscular 1,2.
Sua
etiologia ainda é desconhecida, mas sabe-se que fatores genéticos contribuem
com a sua patogênese. Ainda, outras hipóteses acercam esta doença, como o desequilíbrio
do sistema imunológico (que culmina em doença autoimune), e desequilíbrios
químicos pelo aumento nos níveis de glutamato3.
Sob
o âmbito nutricional, pacientes com ELA apresentam alterações no estado
nutricional, sendo evidente a desnutrição e perda de peso ponderal. Desta
forma, um dos critérios mais importantes para o tratamento nutricional destes
pacientes, refere-se à correção dos hábitos alimentares, com foco em reduzir a
desnutrição e restrições calóricas4.
Sobre esta estratégia, estudos mostram
que o consumo proteico deve ser priorizado, uma vez que esta adequação diminui
a progressão da doença por reduzir a perda de massa muscular5.
A qualidade de gorduras também deve ser
ressaltada. Os ácidos graxos de cadeia média - devido às suas características
metabólicas que envolvem a rápida absorção e oxidação - favorecem o aumento de
corpos cetônicos, que melhoram a performance
motora e protegem os neurônios motores. Com isso, a adição de óleo de coco, por
conter grande quantidade de triglicérides de cadeia média (TCM), pode ser uma
interessante conduta para esta condição6.
Além do consumo energético, as
vitaminas, minerais e compostos bioativos presentes nos alimentos, que atuam na
redução do estresse oxidativo e inflamação, são essenciais para melhorar o
prognóstico da ELA. Destes, os mais citados e utilizados como suplementos são:
vitamina E, Vitaminas do complexo B (em especial a piridoxina, cobalamina e
ácido fólico), coenzima Q10, zinco e as catequinas da Camellia sinensis 7,8.
A saúde mitocondrial também é um fator
imprescindível para melhorar os parâmetros que afetam a qualidade de vida desta
paciente. Na literatura atual, o resveratrol é um dos compostos mais relatados
para esta função, por aumentar a expressão gênica da SIRT 1 (sirtuina 1), uma
proteína responsável pela proteção celular, inclusive de células motoras9,10.
Adicionalmente, o resveratrol aumenta a transcrição de proteínas responsáveis
pela biogênese mitocondrial. Neste quesito, também observa-se benefícios com o
consumo de Hidroxitirosol (presente na oliveira- Olea europaea) e Sulforafanos (em grande quantidade nas crucíferas)11,12.
Com base no exposto, a alimentação
adequada, rica em micronutrientes e compostos bioativos, pode melhorar a
qualidade de vida do paciente, devido as suas amplas funções metabólicas.
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