quinta-feira, 20 de agosto de 2015



USO DE PROTEÍNAS APÓS TREINO: FATOS E FICÇÃO

         A nutrição e o exercício físico possuem importante relação, uma vez que bons hábitos alimentares contribuem para que os objetivos esperados pelo treinamento físico sejam alcançados1.
Durante uma sessão de exercícios, muitas alterações fisiológicas e metabólicas ocorrem, sendo estas dependentes do tipo de estímulo recebido no momento da atividade, como a contração muscular decorrente de exercícios resistidos2. Este estímulo, também denominado mecanotransdução, é responsável por conduzir uma cascata de eventos que permitirão a redução do catabolismo muscular e aumento da síntese proteica3-6.
         O adequado aporte proteico é fundamental para otimizar estas vias, e implica diretamente no rendimento e composição corporal do praticante de atividade física7,8.
Na fase pós-treino, o uso de proteínas e aminoácidos tem se tornado uma estratégia muito comum entre os praticantes de atividade física, pois acredita-se que esta janela metabólica - resultante do momento - favoreça as respostas adaptativas do exercício, como reparo muscular e força. Para estes objetivos, observa-se que o uso de aminoácidos da cadeia ramificada, ou complexos proteicos que contenham estes aminoácidos, são os mais utilizados9-11.
Por outro lado, Schoenfeld et al (2013)12 contradizem o consumo proteico imediatamente após o treino. Baseados em estudos randomizados e controlados, os autores conduziram uma meta-análise e identificaram que o consumo proteico ao longo do dia, combinado ao treino resistido, é mais eficaz para maximizar as adaptações musculares.
Atherton e Smith (2012)13 corroboram com estes achados. Os autores mostraram que as respostas anabólicas de treinos resistidos de alta intensidade podem perdurar por até 24 horas, sendo importante o consumo proteico adequado neste período, e não apenas no momento pós treino, comumente preconizado.
Desta forma, ainda há controvérsias sobre o tempo do consumo proteico, tanto por fontes alimentares, como por suplementação. Entretanto, devemos sempre considerar que as proteínas são essenciais para praticamente todas as nossas estruturas e funções, fato que torna fundamental o seu consumo adequado, tanto qualitativo como quantitativo7,8.  

Referências Bibliográficas
1.PINGITORE, A.; LIMA, G.P.; MASTORCI, F. et al. Exercise and oxidative stress: potential effects of antioxidant dietary strategies in sports. Nutrition; 31(7-8):916-922, 2015.
2. TSUMIYAMA, W.; OKI, S.; TAKAMIYA, N. et al. Aerobic interval exercise with a eccentric contraction induces muscular hypertrophy and augmentation of muscular strength in rats. J Phys Ther Sci; 27(4):1083-6, 2015.
3. GOODMAN, C.A. The role of mTORC1 in regulating protein synthesis and skeletal muscle mass in response to various mechanical stimuli. Rev Physiol Biochem Pharmacol; 166:43-95, 201.
4. HORNBERGER, T.A. Mechanotransduction and the regulation of mTORC1 signaling in skeletal muscle. Int Biochem Cell Biol; 43(9):1267-76, 2011.
5. PHILLIPS, S.M. A brief review of critical processes in exercise-induced muscular hypertrophy. Sports Med; 44(Suppl)1:S71-7,2014.
6- HORNBERGER, T.A.; SUKHIJA, K.B.; CHIEN, S. Regulation of mTOR by mechanically induced signaling events in skeletal muscle. Cell Cycle; 5(13):1391-6, 2006.
7-MORAIS, A. de C.L.; SILVA, L.L.M. da; Macêdo, E.M.C.de. Avaliação do consumo de carboidratos e proteínas no pós treino em praticantes de musculação. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva; 8(46):247-253,2014.
8- ORMSBEE, M.J.; MANDLER, W.K.; THOMAS, D.D. et al. The effects of six weeks of supplementation with multi-ingredient performance supplements and resistance training on anabolic hormones, body composition, strength, and Power in resistance-trained men. J Int Soc Sports Nutr; 9(1):49, 2012.
9. GAO, X.; FENG, T.; WANG, X. Leucine supplementation improves acquired growth hormones resistance in rats with protein-energy malnutrition. Plos one; 10(4):e0125023;2015.
10. JEWELL, J.L.; KIM, Y.C.; RUSSELL, R.C. et al. Differential regulation of mTORC1 by leucine and glutamine. Science; 347(6218):194-198, 2015.
11. DOBB, K.M.; TEE, A.R. Leucine and mTORC1: a complex relationship. Am J Physiol Endocrinol Metab; 302(11):e1329-42, 2012.
12-SCHOENFELD, B.J.; ARAGON, A.A.; KRIEGER, J.W. The effect of protein timing on muscle strength and hypertrophy: a meta-analysis. Journal of the international of Sports Nutrition; 10:53,2013.
13- ATHERTON, P.J.; SMITH, K. Muscle protein synthesis in response to nutrition and exercise. J Physiol; 590(5):1049-1057,2012.



Nenhum comentário:

Postar um comentário