terça-feira, 21 de julho de 2015



         É crescente o interesse pelas células microbianas que sinergicamente, fazem parte de nosso organismo e constituem nosso microbioma. Como princípio, o microbioma é responsável por uma série de codificações genéticas que estão associadas à sobrevivência1.
         A microbiota intestinal é considerada uma parte imprescindível do microbioma humano. Desde a vida intrauterina, fatores ambientais e respostas imunológicas participam do desenvolvimento da microbiota intestinal, exercendo grande influência sobre a saúde 2.
         Neste contexto, alterações na microbiota intestinal - ou disbiose intestinal - podem aumentar o risco de doenças, como o câncer3, considerada uma das patologias mais prevalentes no mundo atual4.
         Como mecanismo, sugere-se que a inflamação - decorrente de alterações na composição da microbiota intestinal - seja um dos pontos de partida para o desenvolvimento desta doença. Neste critério, é importante ressaltar que as respostas inflamatórias que ocorrem localmente, podem ser estendidas, prejudicando as funções de outros sistemas5-7.
Além disso, é conhecido que a microbiota intestinal possui importante relação com o sistema nervoso central e, com isso, a disbiose intestinal pode interferir negativamente em sintomas como depressão, dor e fadiga 5,6.
         Com base nisso, intervenções nutricionais que priorizam a saúde intestinal são fundamentais, tanto para a prevenção do câncer, como para a melhora dos sintomas que afetam a qualidade de vida do paciente8.
         Certamente, o uso de cepas probióticas é a conduta mais relatada na literatura para este objetivo. Em um estudo recente, realizado em modelo animal de câncer de pulmão, Gui et al (2015)9 mostraram que o tratamento com cepas probióticas reduziu a expressão gênica de citocinas pró-inflamatórias, que são determinantes na evolução do câncer.
         Estudos em humanos também demonstraram a efetividade dos probióticos no tratamento do câncer. Timko (2013)10, de forma randomizada, verificou que o uso de probióticos pode ser interessante durante o tratamento radioterápico, por modular a transdução gênica de parâmetros inflamatórios evidentes nesta fase.
         Outro estudo, conduzido por Zhu et al (2013)11, identificou que a administração de probióticos em pacientes diagnosticados com câncer de cólon, foi eficaz em regular respostas imunológicas e aumentar a expressão gênica de citocinas anti-inflamatórias, como a Interleucina 2 (IL-2).
         Devido à magnitude que o câncer representa na saúde pública e sua relação com o microbioma, tratamentos que priorizam a saúde intestinal tornam-se fundamentais, uma vez que refletem na integridade do intestino e dos demais órgãos.
                 
Referências Bibliográficas
1.ANNALISA, N.; ALESSIO, T.; CLAUDETTE, T.D. et al. Gut microbioma population: an indicator really sensible to any change in age. Diet, metabolic syndrome, and life-style.Mediators Inflamm; 2014.
2 ICAZA-CHÁVEZ, M.E. Gut microbiota in health and disease. Rev Gastroenterol Mex; 78(4):240-8,2013.
3. HUR, K.Y.; LEE, M.S. Gut microbiota and metabolic disorders. Diabetes Metab J; 39(3):198-203,2015.
4. SAMADDER, N.J.; SMITH, K.R.; HANSON, H. et al. Increased risk of colorectal cancer among family members of all ages, regardless of age of index case at diagnosis. Clin Gastroenterol Hepatol; 2015.
5. KELLY, D.L.; LYON, D.E.; YOON, S.L. et al. The microbiome and cancer: implications for oncology nursing science. Cancer Nurs; 2015.
6. ERDAMAN, S.E.; POUTAHIDIS, T. Gut bactéria and câncer. Biochim Biophys Acta;1856(1):86-90,2015.
7. MAN, S.M.; ZHU, Q.; ZHU, L. et al. Critical role for DNA sensor AIM2 in stem cell proliferation and cancer. Cell; 162(1):45-58,2015.
8. MONDOT, S.; De WOUTERS, T.; DORÉ, J. et al. The human gut microbiome and its dysfunctions.Dig Dis; 31(3-4):278-85,2013.
9.GUI, Q.F.; LU, H.F.; ZHANG, C.X. et al Well-balance commensal microbiota contributes to anti-cancer response in a lung cancer mouse model. Genet Mol Res; 14(2):5642-51,2015.
10. TIMKO, J. Effect of probiotics on the fecal microflora after radiotherapy: a pilot study. Indian J Pathol Microbiol; 56(1):31-5,2013.
11. ZHU, D.; CHEN, X.; WU, J. et al. Effect of perioperative intestinal probiotics on intestinal flora and immune function in patients with colorectal cancer. Nan Fang Yi Ke Da Xue Bao; 32(8):1190-3.


Nenhum comentário:

Postar um comentário