DIETA PALEOLÍTICA E EXERCÍCIO: RISCOS,
BENEFÍCIOS E POSSIBILIDADES
Há
2,5 milhões de anos, nossos ancestrais apresentavam hábitos alimentares
diferentes dos dias de hoje, uma vez que eram desprovidos de tecnologia e
processo de industrialização. Por este motivo, eram obrigados a caçar para
obter o seu alimento, sendo este período histórico caracterizado como
paleolítico1.
Com
base nesta necessidade para sobrevivência, evidências antropológicas mostram
que nesta fase, os humanos tinham alto consumo de fibras, proteínas, gorduras
insaturadas e colesterol, atribuído à presença de carnes magras, peixes,
legumes, frutas, raízes, ovos e nozes. Associado a este hábito alimentar,
observa-se que o nível de atividade física também era maior, resultando em
aumento no gasto energético2.
Atualmente,
este perfil alimentar é considerado preventivo para doenças inflamatórias e
metabólicas3. Um estudo clínico randomizado realizado por Jönsson et al (2013)4
identificou que a dieta paleolítica foi efetiva em reduzir parâmetros
glicídicos, concomitante a melhora da composição corporal dos participantes
envolvidos.
Outro
estudo clínico randomizado, do mesmo grupo de pesquisadores, mostrou que a
dieta das “cavernas” também pode ser utilizada na redução do risco
cardiovascular5.
Quando aliada a atividade física, a
dieta paleolítica parece ser benéfica na redução do percentual de gordura e
outros parâmetros que envolvem a composição corporal, por apresentar baixo teor
de carboidrato refinado. Com esta restrição, vias catabólicas (como a lipólise)
são ativadas para o fornecimento de substrato para nossas funções fisiológicas
que dependem de produtos glicídicos, por meio da gliconeogênese6-8. Em contrapartida,
muitos estudos mostram que esta redução pode atrapalhar o rendimento do atleta 9-11.
Por este assunto ainda ser controverso,
algumas ressalvas devem ser consideradas. Primeiramente, é importante enfatizar
que houve pouco tempo para evolução significativa dos processos fisiológicos em
resposta desta dieta e das mudanças introduzidas com a civilização 12.
A evolução do ser humano é outro
critério que devemos valorizar. Sabe-se que as adaptações genéticas que sofremos
e estamos expostos ao longo dos séculos influenciam de forma significativa no
desenvolvimento de nossos comportamentos13.
Também é importante refletir sobre a
adesão da dieta. Embora haja evidências de seus benefícios na saúde, a
aceitação deste hábito em muitos casos parece ser dificultada, devido a sua
distinção com o perfil alimentar da dieta moderna e fatores sociais em que
estamos inseridos nos dias de hoje4,5.
Com isso, a dieta paleolítica deve ser
orientada com cautela, em consideração a rotina e perfil do paciente que deseja
aderir este hábito alimentar.
Referências Bibliográficas
1.KLONOFF, D.C. The beneficial effects
of a Paleolithic diet on type 2 diabetes and other risk factors for
cardiovascular disease. J Diabetes Sci Techol; 3(6):1229-1232,2009.
2. KONNER, M.; EATON, S.B. Paleolithic nutrition:
twenty-five years later. Nutr Clin Pract; 25(6):594-602,2010.
3-CHAUVEAU, P.; FOUQUE, D.; COMBE, C.
et al. Evolution of the diet from the paleolithic to today:
progresso or regress? Nephrol
Ther; 9(4):202-8,2013.
4- JONSSON, T.; GRANDFELDT, Y.;
LINDERBERG, S. et al. Subjective satiety and other experience of
a Paleolithic diet compared to a diabetes diet in patients with type 2
diabetes. Nutr J; 12:105,2013.
5-JONSSON, T.;
GRANDFELDT, Y.; ANRÉN, B. et al. Beneficial effects of a paleotithic diet on
cardiovascular risk factors in type 2 diabetes: a randomized cross-over pilot
study. Cardiovasc Diabetol; 8:35, 2009.
6.FEBBRAIO,
M.A. CHUI, A.; ANGUS, D.J. et al. Effects of carbohydrate ingestion before and
during exercise on glucose kinects and performance. J Appl Physiol;
89:2220-2226, 2000.
7.DE
GLISEZINSKI, I.; HARANT, I.; CRAMPES, F. et al. Effect of carbohydrate
ingestion on adipose tissue lipolysis during long lasting exercise in trained
men. J Appl Physiol; 84: 1627-1635, 1998.
8. ORMSBEE,
M.J.; MANDLER, W.K.; THOMAS, D.D. et al. The effects of six weeks of
supplementation with multi-ingredient performance supplements and resistance
training on anabolic hormones, body composition, strenght, and Power in
resistance-trained men. J Int Soc Sports Nutr; 9(1):49, 2012.
9. KEDIA, A.W.;
HOFHEINS, J.E. HABOWSKI, S.M. et al. Effects of a pre-workout supplement on
lean mass, muscular performance, subjective workout experience and biomarkers
of safety. Int J Med Sci;
11(2):116-26, 2014.
10. BADENHORST, C.E.; DAWSON, B.; COX,
G.R. et al. Timing of post-exercise carbodydrate ingestion:
influence on IL-6 and hepcidin responses. Eur J Appl Physiol; 2015.
11. DELDICQUE, L.; FRANCAUX, M.
Recommendations for healthy nutrition in female endurance runners: an update. Front
Nutr; 2:17,2015.
12. EATON, S.B.; CORDIAN, L.;
LINDERBERG, S. Evolutionary health promotion: a consideration of common
counterarguments. Prev Med; 34(2):119-23,2002.
13. TURNER, B.L.; THOMPSON, A.L. Beyond
the Paleolithic prescription: incorporating diversity and flexibility in the
study of human diet evolution. Nutr Rev; 71(8):501-10,2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário